Intestino preso após cirurgia: como prevenir

Postado em: 12/07/2021

Intestino preso após cirurgia: como prevenir

Uma pergunta recorrente no primeiro retorno no consultório após cirurgia eletiva ou de urgência é “Por que o meu intestino ficou tão preso? “ou “Por que fiquei com tanta dificuldade de evacuar e com fezes duras?

A chamada constipação pós-operatória é muito mais frequente do que se imagina, estima-se que pelo menos metade dos pacientes terão alguma dificuldade para evacuar ou intestino preso nos primeiros dias após a realização de uma cirurgia.

Isso ocorre por múltiplos fatores, como por exemplo:

  • O pós-operatório é um período em quem o paciente tem a tendência de ficar mais acamado o que lentifica o funcionamento do intestino. Por isso, sempre orientamos as “caminhadas” nos corredores dos hospitais;
  • Frequente há diminuição da ingestão de água e outros líquidos nos primeiros dias de pós-operatório, o que causa o endurecimento das fezes;
  • O efeito tardio de medicamentos anestésicos utilizados durante a cirurgia, também podem diminuir os movimentos peristálticos intestinais;
  • O próprio estresse orgânico da agressão cirúrgica, que libera substâncias como neurotransmissores e hormônios que tendem a causar constipação;
  • Uso de medicamentos derivados de morfina para controle de dor pós-operatória, que desencadeiam uma parada dos movimentos intestinais e aumento da retenção de gases;
  • E após eventual preparo intestinal para cirurgia em conjunto com cirurgião do aparelho digestivo ou coloproctologista, quando há cirurgias combinadas como no caso de endometriose no intestino. Essa lavagem intestinal pode impactar em prejuízo da flora ou microbiota intestinal.

E para aquelas pacientes que já são constipadas cronicamente ou que facilmente ficam com o intestino preso e para as portadoras de Síndrome do Intestino Irritável, uma estratégia interessante para diminuir o impacto negativo da cirurgia no funcionamento intestinal é iniciar, algumas semanas antes do procedimento agendado, dieta rica em fibras e aumento da ingestão de líquidos, associada a alimentos que sabidamente são estimuladores dos movimentos peristálticos intestinais. 

A prática de exercícios também é benéfica na prevenção e tratamento da constipação. Uma sugestão de suco laxativo pode ser obtida aqui por downloadQuando fizer uso de sucos, a paciente pode acrescentar sementes, frutas e legumes para potencializar o aporte de fibras. 

intestino preso após cirurgia
Figura 1: Fezes endurecidas impactadas no reto.

É importante frisar que o ideal é não coar o suco para não perder o potencial de formação de bolo fecal das fibras.

Frutas ricas em fibras que podem ser consumidas para auxiliar na prevenção ou alívio do intestino preso: 

  • Ameixa fresca;
  • Ameixa seca;
  • Caqui;
  • Uva preta e verde;
  • Uva passa;
  • Maçã com casca;
  • Pera com casca;
  • Laranja;
  • Tangerina;

Algumas cirurgias ginecológicas, tais como a miomectomiahisterectomia, cirurgia para pólipo e teratoma, podem ser realizadas no mesmo tempo cirúrgico com outras doenças do aparelho digestivo.

As principais cirurgias realizadas em conjunto são hemorroidasfissura anal, retirada de plicomafistula anal, colecistectomia e herniorrafias.

Cirurgias com manipulação do canal anal, causam maior chance de constipação pós-operatória devido a dor local.

Então, a paciente precisa se empenhar bastante na qualidade do que vai consumir para ajudá-la a evacuar adequadamente. 

Nos primeiros dias de pós-operatório será prescrita dieta laxativa ainda no ambiente hospitalar, para tentar evitar o desconforto gerado pela constipação.

Em seguida, ao receber alta hospitalar, a paciente deverá permanecer com os cuidados em casa, consumindo uma dieta laxativa e rica em fibras.

Quando utilizar laxantes no período pós-operatório?

Em alguns casos pode ser necessário a utilização de laxantes, que podem ser:

  • Laxantes osmóticos, que puxam água para o intestino deixando as fezes mais amolecidas, exemplos: Polietilenoglicol, Muvinlax, Lactulona, Leite de Magnésia.
  • Laxantes catárgicos, que irritam a parede intestinal e forçam as contrações do intestino, por exemplo: Tamarine, Lactopurga, chá de sene.
  • Laxantes lubrificantes, como o óleo mineral Nujol que facilita a passagem das fezes pelo intestino grosso e reto.

Recomendamos que as pacientes não usem laxativos sem prescrição médica. De fato, algumas vezes é realmente necessário fazer uso destas medicações, mas o caso deve ser individualizado e decidido pelo seu médico. 

Dr Fernando Guastella: cirurgião ginecológico

Texto escrito por Dr. Fernando Guastella (ginecologista) e Dr. Fernando Bray (Gastrocirurgia e Coloproctologia)

https://www.drfernandobray.com.br/



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