Tratamento de Mioma: comparativo entre opções medicamentosas e cirúrgicas
Postado em: 10/06/2025
O Mioma Uterino é um tumor benigno comum durante a fase reprodutiva da mulher. Na maioria dos casos, é assintomático e identificado em exames de rotina, como a ultrassonografia transvaginal.
Quando há sintomas, eles podem incluir sangramento menstrual intenso, dor pélvica, urgência urinária e, em alguns casos, infertilidade.
A escolha do tratamento de mioma depende da gravidade dos sintomas, do tamanho e da localização das lesões, além da idade e dos planos reprodutivos da paciente.
As opções medicamentosas auxiliam no controle temporário dos sintomas, enquanto as abordagens cirúrgicas, como a miomectomia e a histerectomia, oferecem soluções mais definitivas.
Neste artigo, explico as diferenças entre essas alternativas com base nas recomendações científicas mais recentes e como escolher o tratamento mais seguro e eficaz para a sua saúde uterina.
Entendendo o que é o mioma uterino
O mioma uterino é um tumor benigno que se desenvolve no músculo do útero. Estima-se que até 70% das mulheres possam apresentar miomas em algum momento da vida reprodutiva.
Nem todo mioma causa sintomas. Quando aparecem, os principais são:
- Sangramento menstrual intenso ou prolongado;
- Dor pélvica ou cólicas fortes;
- Aumento da frequência urinária;
- Constipação intestinal;
- Dificuldade para engravidar ou abortos espontâneos.
Esses sintomas podem impactar de forma significativa a qualidade de vida e, em algumas situações, indicam a necessidade de tratamento.
Quando o tratamento do mioma é necessário?
Muitos miomas pequenos e assintomáticos podem ser apenas acompanhados com exames periódicos. Porém, o tratamento é recomendado quando:
- O sangramento causa anemia;
- Há dor intensa ou desconforto contínuo;
- O mioma interfere na fertilidade;
- Há crescimento rápido do tumor;
- Existe aumento visível do volume abdominal.
Tratamento medicamentoso
O tratamento medicamentoso para mioma uterino é indicado para mulheres com sintomas leves a moderados, próximas da menopausa ou que desejam adiar a cirurgia. As principais opções incluem:
1. Análogos de GnRH
Induzem uma menopausa temporária, reduzindo os níveis de estrogênio e promovendo a diminuição do volume dos miomas e do sangramento.
Seu uso é restrito a períodos curtos, pois pode causar efeitos colaterais relevantes, como sintomas de deficiência hormonal e aumento do risco de perda de massa óssea.
2. Antagonistas de GnRH
Medicamentos como relugolix, elagolix e linzagolix são antagonistas de GnRH administrados por via oral. Estudos mostram eficácia no controle do sangramento menstrual associado aos miomas.
Quando associados à terapia de reposição hormonal (estradiol e noretisterona), os efeitos adversos são reduzidos, mantendo um perfil de segurança favorável.
São medicamentos promissores, disponíveis na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda não disponíveis no Brasil.
3. Contraceptivos hormonais e DIU levonorgestrel
Atuam no controle do sangramento, mas não reduzem o tamanho dos miomas. São indicados quando o foco é apenas o alívio dos sintomas.
4. Anti-inflamatórios e antifibrinolíticos
Atuam no controle da dor e na redução do sangramento, mas também sem efeito sobre o tamanho dos miomas.
Importante: o tratamento medicamentoso não elimina o mioma. Os sintomas podem retornar após a suspensão da medicação.
Tratamento cirúrgico para mioma
A cirurgia é indicada quando:
- O tratamento medicamentoso não oferece resultados satisfatórios;
- Há desejo de engravidar, e o mioma interfere na fertilidade;
- O mioma cresce rapidamente;
- O sangramento ou a dor pélvica são severos;
- A paciente busca uma solução definitiva.
As principais técnicas cirúrgicas incluem:
Miomectomia
A miomectomia é a cirurgia realizada para remover os miomas, preservando o útero e, consequentemente, a capacidade reprodutiva.
Pode ser feita por diferentes técnicas, de acordo com a localização dos miomas: histeroscopia, para miomas submucosos; laparoscopia, para miomas intramurais ou subserosos; ou cirurgia robótica, indicada em casos mais complexos, oferecendo maior precisão cirúrgica e menor trauma tecidual.
Essa é a opção preferencial para mulheres que desejam manter a fertilidade.
Histerectomia
A histerectomia consiste na retirada total ou parcial do útero. É recomendada geralmente para mulheres que não desejam engravidar ou que optam por não preservar o útero.
Considerada uma solução definitiva, a histerectomia elimina a possibilidade de surgimento de novos miomas e resolve de forma permanente os sintomas relacionados à doença.
Procedimentos inovadores e menos invasivos
Entre as opções mais recentes estão:
- Radiofrequência guiada por ultrassom: uma agulha, guiada por ultrassonografia transvaginal, libera energia térmica para cauterizar o mioma internamente. É eficaz para nódulos únicos de até 8 cm, com recuperação rápida e retorno às atividades habituais em cerca de 24 horas.
- Embolização de artérias uterinas: a embolização bloqueia o fluxo sanguíneo do mioma por meio da introdução de um cateter na artéria uterina, provocando sua redução gradual. Sugerida para mulheres que não desejam engravidar, é uma alternativa menos invasiva à cirurgia.
Essas técnicas são indicadas em situações específicas e oferecem benefícios como recuperação rápida e menor tempo de internação.
Tratamento medicamentoso vs. cirúrgico
No tratamento dos miomas uterinos, medicamentos e cirurgia têm objetivos distintos. Os medicamentos visam aliviar sintomas como sangramento e dor, sem eliminar o mioma.
Seu efeito é temporário e os sinais tendem a retornar após a suspensão do uso. Já a cirurgia atua de forma definitiva, removendo os miomas e proporcionando solução duradoura.
Em relação à fertilidade, os medicamentos preservam a função uterina. A cirurgia pode ou não preservar, dependendo da técnica: a miomectomia mantém o útero, enquanto a histerectomia implica a sua retirada.
De modo geral, medicamentos são indicados para sintomas leves a moderados, enquanto a cirurgia é recomendada para miomas volumosos, sintomas graves ou infertilidade associada.
Como definimos o melhor tratamento
Durante a consulta, considero fatores como idade, desejo de engravidar, gravidade dos sintomas, além do tamanho e da localização dos miomas. A decisão é sempre construída de forma conjunta, baseada em evidências científicas e nas prioridades de cada paciente.
Cada mulher merece um plano terapêutico individualizado e seguro.
Cuidando da sua saúde uterina com excelência
Com medicamentos modernos, cirurgias minimamente invasivas e técnicas inovadoras, hoje é possível tratar o mioma de forma segura, preservando a qualidade de vida e o bem-estar.
Se você apresenta sintomas ou deseja uma avaliação detalhada, estou à disposição para oferecer um cuidado responsável e acolhedor.
Agende sua consulta! Será um prazer acompanhá-la.
CRM-SP: 112.601
RQE: 83937 – Ginecologia e Obstetrícia
RQE: 839371 – Endoscopia Ginecológica (Cirurgias Minimamente Invasivas)
RQE: 58641 – Diagnóstico por Imagem
Referências bibliográficas:
- Donnez J, Dolmans MM. Uterine fibroid management: from the present to the future. Hum Reprod Update. 2016;22(6):665-686. doi:10.1093/humupd/dmw023. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27466209/
- Al-Hendy A, Lukes AS, Poindexter AN, et al. Treatment of uterine fibroid symptoms with relugolix combination therapy. N Engl J Med. 2021;384(7):630-642. doi:10.1056/NEJMoa2008283. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33596357/
- Lumsden MA, Hamoodi I, Gupta J, Hickey M. Fibroids: diagnosis and management. BMJ. 2015;351:h4887. doi:10.1136/bmj.h4887. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26463991/
Dr. Fernando Guastella
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RQE: 839371 - Endoscopia Ginecológica (Cirurgias Minimamente Invasivas)
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