Endometriose na adolescência: como investigar e tratar

Postado em: 16/07/2020

Endometriose na adolescência: como investigar e tratar

endometriose na adolescência é um tema muito importante e frequentemente desconhecido pelos pais e principalmente pelas adolescentes.

A entrada na puberdade traz grandes mudanças na vida das adolescentes. As mudanças hormonais promovem o amadurecimento dos órgãos sexuais, levando à primeira menstruação.

Nessa hora, é muito importante o papel dos pais, pois uma conversa sobre menstruação e sexualidade se faz necessária, e é de grande relevância para a saúde das adolescentes.

Com o início da menstruação, podem surgir as cólicas, que, apesar de considerada pela maioria das mulheres como algo normal, pode ser um forte sinal de endometriose na adolescência. 

Como a endometriose começa

A endometriose é a presença do tecido endometrial fora do útero. A camada mais interna do útero chamada endométrio é eliminada mensalmente, mas o retorno de uma pequena quantidade de sangue pelas trompas é algo muito comum e acontece em quase todas as mulheres.

Nas mulheres com predisposição para endometriose, o endométrio pode se instalar em outros órgãos, como o peritônio, tubas, ováriointestino e bexiga, determinando a endometriose.

A endometriose é uma doença que acomete cerca de 10% das mulheres durante o período reprodutivo, ou seja, durante o período em que as menstruações acontecem, regredindo na menopausa.

Cólica menstrual na adolescência

cólica menstrual

Cólica menstrual forte é o primeiro sinal de endometriose na adolescência.

É comum as adolescentes escutarem de suas mães, amigas e até dos médicos, que ter cólica durante o período menstrual é normal. 

A falta de informação, somado ao fato de uma crença equivocada em que cólica menstrual é algo normal, faz com que muitas adolescentes sofram caladas por muitos anos, determinando prejuízos escolares, sociais, físicos e psíquicos.

Estudos relatam que a endometriose na adolescência pode demorar cerca de 11 a 12 anos para ser diagnosticada.

Estudos revelam que cerca de 50% a 70% das meninas que sofrem com cólica intensa e que não apresentam melhora dos sintomas após uso de anti-inflamatórios, são diagnosticadas com endometriose.

Principais sintomas da endometriose na adolescência:

  • Cólica menstrual;
  • Alterações intestinais durante o período menstrual;
  • Alterações urinárias durante a menstruação;
  • Dor durante as relações sexuais;
  • Distensão abdominal.

Cólica menstrual

A cólica menstrual é o sintoma da endometriose na adolescência mais comum e geralmente de forte intensidade, podendo ser irradiada para as costas. 

Alterações intestinais:

A endometriose pode acometer o intestino e nestas situações pode ocorrer a dor para evacuar durante o período menstrual, diarreia ou ainda constipação.

Alterações urinárias:

O sintoma mais característico da endometriose na bexiga é a dor para urinar durante o a menstruação. Frequentemente as meninas podem achar que estão com infecção urinária, pois os sintomas são os mesmos (dor e aumento da frequência urinária).

Dor durante a relação sexual:

A endometriose pode determinar dor durante as relações sexuais, especialmente quando relacionada com a profundidade.

Mas muitas adolescentes ainda não iniciaram a vida sexual, portanto, não apresentam estes sintomas da doença, o que pode dificultar ainda mais o diagnóstico. 

Como diagnosticar a endometriose na adolescência

Endometriose

Alguns estudos realizados mostram que mais de 60% das pacientes adultas com endometriose, começaram a sentir os sintomas antes dos 20 anos.

Os exames para pesquisa de endometriose na adolescência irão incluir a ultrassom transvaginal com preparo intestinal nas pacientes que já tiveram relações sexuais e nas que não tiveram relações sexuais poderá ser realizada a ressonância magnética (exame de escolha para adolescentes virgens).

Uma outra possibilidade para as pacientes virgens nos locais em que não existe a ressonância magnética é a  ultrassonografia transretal com preparo intestinal, que apresenta a mesma capacidade diagnóstica da ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal.

As adolescentes e seus pais devem estar bem informados, pois quanto antes for realizado o diagnóstico, maiores serão as chances de se evitar complicações no futuro. Por isso é importante ressaltar que o diagnóstico precoce da endometriose na adolescência, é o caminho para garantir a qualidade de vida dessas meninas e preservar sua fertilidade. 

Tratamento para endometriose na adolescência?

tratamento da endometriose na adolescência deve levar em consideração a intensidade dos sintomas, a localização e grau de estadiamento, satisfação e opinião da adolescente com o tratamento escolhido, inclusive durante o acompanhamento.

Os tratamentos da endometriose na adolescência podem ser:

  • Terapêutica hormonal;
  • Cirurgia;
  • Tratamentos complementares;
  • Remédios para a dor;
  • Combinação dos tratamentos acima.

Tratamento hormonal para endometriose na adolescência

O objetivo do tratamento hormonal para endometriose na adolescência é o controle dos sintomas e diminuir a progressão da doença.

É importante repensar o planejamento terapêutico em algumas adolescentes quando os sintomas não estão bem controlados ou quando a endometriose está aumentando, apesar do tratamento.

Deve-se conscientizar a adolescente que o tratamento hormonal para endometriose é de longo prazo, mesmo que as meninas apresentarem melhora dos sintomas, pois, uma vez que a doença não foi curada, somente os sintomas foram controlados, quando ocorre a interrupção do uso do medicamento, os sintomas habitualmente retornam.

Desta forma o medicamento escolhido deve apresentar idealmente as seguintes características: 

  • Custo acessível;
  • Fácil utilização;
  • Poucos efeitos colaterais;
  • A adolescente deve se sentir bem ao utilizá-lo.

Principais medicamentos para endometriose na adolescente

  • Dienogeste (Allurene®);
  • Desogestrel (Cerazette®);
  • Anticoncepcionais;
  • DIU Mirena® e DIU Kyleena®;
  • Remédios para dor.

A dor deve ser sempre combatida, pois quando não tratada adequadamente, pode sensibilizar o sistema nervoso central, determinando quadros dor crônica, mesmo depois da retirada cirúrgica de toda a doença.

O tratamento para a endometriose na adolescência, passa pela explicação da doença com linguagem acessível, terapêutica individualizada e orientações para melhora da qualidade de vida.

A cirurgia para endometriose quase nunca é necessária nesse momento da vida, mas quando indicada, deve ser realizada por cirurgia minimamente invasiva e por um especialista.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre a endometriose na adolescência, conheça o Dr. Fernando Guastella e, se precisar, agende uma consulta.


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Referências bibliográficas

    1. Acurácia da ultrassonografia transvaginal versus ressonância magnética no diagnóstico da endometriose retossigmóide: revisão sistemática e metanálise. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30964888;

    1. Endometriose na adolescência. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28777193/;

    1. O impacto da endometriose na qualidade de vida das adolescentes. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30454733/;

    1. Manejo da endometriose em adolescentes: diretrizes para endometriose do CNGOF-HAS. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29519595/.

Sites em inglês sobre o tema


Comentários:

  1. Vera Lúcia disse:

    Texto claro objetivo com muita informação

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