HPV: O que é, sintomas, diagnóstico e tratamentos

Hoje quero falar com vocês sobre um tema muito importante: o Papilomavírus Humano (HPV). Este vírus pode infectar a pele e as mucosas da boca, região genital, ânus e laringe.

As manifestações do HPV são diversas, variando desde a ausência total de sintomas na maioria dos casos, até o aparecimento de verrugas. Em situações mais sérias, pode causar câncer de colo de útero nas mulheres.

O HPV é uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns. Quase todas as pessoas sexualmente ativas serão infectadas em algum momento de suas vidas, geralmente sem sintomas. Por isso, é essencial estar informada e adotar medidas preventivas para proteger sua saúde e a de seu parceiro.

Leia o texto completo para entender mais sobre o HPV, seus sintomas, diagnósticos, tratamentos e fique bem informada!

Tipos de HPV

Você sabia que existem cerca de 40 tipos de HPV que podem infectar a região genital? O HPV pode ser classificado como de alto risco ou baixo risco, e cada um é identificado por um número diferente.

Atualmente, sabemos que aproximadamente 15 tipos são considerados de alto risco, ou seja, estão relacionados ao aparecimento do câncer do colo do útero. Os tipos de HPV de alto risco incluem: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82.

Entre esses, os tipos 16 e 18 são os mais preocupantes, pois são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Por isso, eles estão incluídos na vacina bivalente contra o HPV.

Os tipos de HPV de baixo risco não estão relacionados ao câncer, mas causam verrugas genitais em áreas como a vulva, vagina, colo do útero. Os tipos 6 e 11 são os mais comuns e estão na vacina quadrivalente, que protege tanto contra os tipos de alto risco (16 e 18) quanto contra os de baixo risco (6 e 11).

Além desses, outros tipos de HPV de baixo risco incluem os números 40, 42, 43, 54, 61, 70, 72, 81 e CP6 108. Entender os diferentes tipos de HPV é fundamental para a prevenção e o cuidado com a saúde. 

Como o HPV é transmitido?

O HPV é transmitido por contato sexual, com ou sem penetração. Isso significa que a transmissão pode ocorrer durante o sexo oral, vaginal e anal.

Embora os preservativos ajudem a reduzir a transmissão, eles não a impedem completamente. A transmissão pode acontecer sempre que há muito atrito entre as regiões genitais, mesmo com o uso de preservativo.

A transmissão pelo uso de vaso sanitário, piscina ou objetos ainda precisa de comprovação científica.

Sintomas do HPV

Na maioria das vezes, a infecção pelo HPV não apresenta sintomas, tanto em homens quanto em mulheres. Em alguns casos, o vírus pode permanecer latente por meses ou até anos, sendo eliminado espontaneamente pelo organismo em até 24 meses.

O maior problema ocorre para pessoas imunocomprometidas, como aquelas com HIV, câncer, transplantados e gestantes. A diminuição temporária da resistência do organismo, seja por estresse, uso de corticoides, gestação ou outras condições, pode desencadear a multiplicação do HPV e o aparecimento de lesões.

As verrugas genitais são a manifestação clínica mais comum do HPV, tecnicamente conhecidas como condiloma acuminado, mas chamadas popularmente de crista de galo, causadas pelo HPV de baixo risco. Elas podem ser únicas ou múltiplas, variar em tamanho e forma, e em algumas mulheres provocar coceira.

Essas verrugas podem aparecer na vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região do púbis. Menos frequentemente, podem acometer áreas extragenitais, como mucosas orais, nasais, conjuntivas e laringe.

Quando a infecção é causada pelo HPV de alto risco, as manifestações aparecem nos exames de Papanicolau e colposcopia. Se o Papanicolau estiver alterado, deve-se realizar a colposcopia. Nas lesões suspeitas, são realizadas biópsias para orientar o tratamento específico.

Diagnóstico do HPV

O diagnóstico do HPV é feito por meio de exame físico e métodos laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica ou subclínica.

• Lesões clínicas: nas verrugas de grandes dimensões, o exame físico é suficiente para estabelecer o diagnóstico. Nas lesões pequenas, é importante realizar a vulvoscopia e a colposcopia na mulher, e a peniscopia no homem.
• Papanicolau: é o método de escolha para o diagnóstico de alterações celulares na mulher.
• Captura híbrida: este teste diagnóstico específico para o HPV permite identificar o vírus mesmo em pessoas sem sintomas e sem alterações no Papanicolau. A captura híbrida pode diferenciar o tipo de vírus presente na infecção, se de alto risco ou de baixo risco.

Se você tiver mais dúvidas ou precisar de orientação sobre o HPV e a importância da prevenção, entre em contato comigo. Estou aqui para ajudar a garantir sua saúde ginecológica.

Tratamento das verrugas do HPV

O tratamento das verrugas originadas pelo HPV de baixo grau consiste na destruição das lesões. Mesmo após o tratamento, as lesões podem desaparecer, permanecer inalteradas ou aumentar em número e tamanho. O tratamento deve ser individualizado, considerando a quantidade e o tamanho das verrugas.

Tratamento das verrugas com ATA e Podofilina

A cauterização das verrugas pode ser realizada com ácido tricloroacético (ATA) e podofilina. Essas medicações devem ser utilizadas apenas sob orientação médica ou aplicadas por um médico, pois o uso inadequado pode provocar complicações na pele.

O ATA pode ser usado durante a gestação, enquanto a podofilina não é recomendada para grávidas.

Tratamento das verrugas por cauterização e cirurgia

A cauterização das verrugas é um procedimento amplamente utilizado. É realizada com o uso de radiofrequência e laser. A cirurgia é indicada quando as lesões são muito extensas e resistentes a outros tratamentos, sendo um procedimento pouco comum, especialmente em pessoas imunocompetentes.

Tratamento do HPV com imiquimode (estimulador da imunidade)

O imiquimode é uma substância imunomoduladora potente para a pele. Estudos mostram uma taxa de resposta entre 40% e 70%, com 13% de recorrência das verrugas.

O tratamento deve continuar até o desaparecimento completo das lesões. No entanto, o tempo máximo de uso da substância é de 16 semanas, mesmo que as lesões ainda não tenham sumido totalmente. Vale lembrar que o imiquimode não pode ser utilizado durante a gestação.

Tratamento do NIC 1

NIC 1 significa neoplasia intraepitelial grau 1. São alterações celulares benignas, induzidas pelo HPV e que desaparecem espontaneamente na maioria das mulheres.

Tratamento do NIC 2 e NIC 3

O tratamento para mulheres com NIC 2 e NIC 3 é realizado por meio de uma cirurgia simples para a retirada de um pedaço do colo uterino.

A cirurgia é chamada de conização e é efetuada por radiofrequência, daí o nome cirurgia de alta frequência (CAF). Pode ser realizada no consultório médico, após anestesia local, ou no centro cirúrgico.

Prevenção

A vacina contra o HPV é a medida mais eficaz para prevenir a infecção. A vacina bivalente (sorotipos 16 e 18) é distribuída gratuitamente pelo SUS nas seguintes situações:

• Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos;
• Pessoas com HIV;
• Pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos.

Existe também a vacina quadrivalente, que contém os sorotipos 6, 11, 16 e 18.

Mesmo que você já tenha tido HPV, é essencial tomar a vacina para prevenir a infecção por outros sorotipos do vírus. Lembre-se, a vacinação não cobre todos os tipos de HPV, então, mesmo vacinado, ainda é possível contrair outros sorotipos.

O Papanicolau é o exame ginecológico preventivo mais comum para identificar lesões precursoras do câncer do colo do útero. Este exame detecta células anormais no revestimento do colo do útero, permitindo o tratamento antes que essas células se tornem cancerosas. 

Quando essas alterações são identificadas e tratadas precocemente, é possível prevenir 100% dos casos de câncer do colo do útero. Por isso, é fundamental que as mulheres façam o exame de Papanicolau regularmente.

Além disso, é importante evitar fumar, beber em excesso e usar drogas, pois essas atividades debilitam o sistema imunológico, tornando a pessoa suscetível ao HPV.

Se você tiver mais dúvidas ou precisar de orientação sobre o HPV e a importância da prevenção, agende hoje mesmo uma consulta comigo. Estou aqui para ajudar a garantir a sua saúde e bem-estar.

Dr. Fernando Franciolli Guastella
CRM-SP: 112.601  
RQE: 83.937 – Ginecologia e Obstetrícia 
RQE: 58.641 – Diagnóstico por Imagem

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