Ovários policísticos: Sintomas, diagnóstico e tratamento
Postado em: 17/07/2024
Este texto explica o que são os Ovários Policísticos, mostrando como diferenciá-los da síndrome dos ovários policísticos (SOP), além dos sintomas, critérios diagnósticos atuais e tratamentos. Continue a leitura para tirar suas dúvidas!
O que são ovários policísticos?
Os cistos descritos na ultrassonografia na verdade são óvulos em estágio inicial de desenvolvimento, envolvidos por líquido, formando pequenos cistos, que medem entre 2 e 9 mm, chamados de folículos antrais.
Portanto, o ovário policístico é a característica de um ovário que apresenta muitos folículos, ou seja, um ovário normal, mas também pode indicar uma doença, a chamada síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Para entender a diferença entre o exame normal e a SOP, é importante que o médico analise os sintomas e sinais da doença.
Como é o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos?
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é a alteração hormonal mais comum nas mulheres durante o período reprodutivo, ou seja, antes da menopausa, acometendo entre 8 e 13% das mulheres.
Para o diagnóstico da SOP é preciso pelo menos duas das três características descritas abaixo:
- Menstruação irregular ou a falta de menstruação;
- Sinais de excesso de hormônio masculino detectado clinicamente ou pelos exames de sangue;
- Ovários de aspecto policístico à ultrassonografia.
Desta forma, existem 4 apresentações clínicas diferentes:
- Excesso de hormônio masculino, alterações menstruais e ovário policístico à ultrassonografia;
- Excesso de hormônio masculino e alterações menstruais;
- Alterações menstruais e ovário policístico à ultrassonografia.
- Excesso de hormônio masculino e ovário policístico à ultrassonografia;
Os ovários policísticos e a menstruação irregular
A menstruação irregular é caracterizada por ciclos menstruais que não seguem o mesmo padrão todos os meses e pode ser diferente de acordo com o período da vida da mulher.
É importante destacar que a menstruação irregular é considerada normal no primeiro ano após a primeira menstruação, como parte da transição da infância para a adolescência;
As definições de menstruação irregular como critério diagnóstico para a síndrome dos ovários policísticos são:
- Entre o primeiro e terceiro ano após a primeira menstruação, se os intervalos forem menores que 21 dias ou maiores que 45 dias;
- Após três anos da primeira menstruação, se os intervalos forem menores que 21 dias ou maiores que 35 dias, acontecendo mais de oito vezes por ano.
- Toda vez que ocorrer um atraso menstrual maior que 90 dias.
Ovários policísticos e excesso de hormônio masculino
Os principais sintomas da síndrome dos ovários policísticos relacionados ao excesso de hormônio masculino são:
- Acne no rosto, peito e parte superior das costas,
- Excesso de pelos em uma ou mais áreas do corpo, como no rosto, membros, abdome, entre as mamas ou na aréola;
- Aumento da oleosidade na pele;
Quando se faz os exames de sangue para a dosagem dos hormônios, o exame mais importante é a testosterona total e a testosterona livre.
Para a dosagem destes hormônios, o ideal é colher entre o primeiro e quinto dia do ciclo menstrual, na ausência de uso de pílulas ou outro hormônio.
É comum realizar a dosagem de outros hormônios masculinos, como o sulfato de dehidroepiandrosterona (SDHEA) e a 17-Hidroxiprogesterona, para afastar a possibilidade de produção excessiva desses outros hormônios masculinos pela glândula suprarrenal.
Quantos folículos são necessários para que o ovário tenha o aspecto policístico?
Os critérios atuais para se definir um ovário como policístico no ultrassom transvaginal são 20 ou mais folículos (“cistos”).
É importante destacar que durante os 8 primeiros anos a partir da primeira menstruação, os ovários são de aspecto policístico em praticamente todas as mulheres, não sendo um critério diagnóstico.
Outro critério é quando os ovários apresentam dimensões aumentadas, acima de 10 cm³, na ausência de cistos ou folículos periovulatórios.
Ovário policístico no ultrassom sem outros sintomas
Se a mulher apresentar somente os ovários de aspecto policísticos na ultrassonografia e não apresentar nenhum outro sintoma, significa que ela não tem a síndrome dos ovários policísticos.
Nesta situação, a mulher não tem problema algum e o que é melhor, significa que a quantidade de óvulos que ela tem armazenada em seus ovários é excelente.
Como os “cistos” descritos no ultrassom na verdade são óvulos em estágios iniciais do seu desenvolvimento, quanto maior o número desses “cistos”, maior é a reserva ovariana.
O problema acontece quando, além de múltiplos cistos nos ovários, a mulher apresenta os problemas endócrinos associados. Nesta situação, é que devemos dar o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos.
Obesidade, diabetes e ovário policístico
A obesidade e a tendência ao diabetes é algo muito comum nas mulheres com a síndrome dos ovários policísticos, mas não é considerado um critério diagnóstico.
Como deve ser o tratamento para a síndrome dos ovários policísticos?
O tratamento para a síndrome dos ovários policísticos depende de quais alterações a mulher apresenta em seu diagnóstico.
Nas mulheres com obesidade e tendência ao diabetes, a perda de peso, mudanças alimentares e a atividade física pode promover o retorno das menstruações, sendo algo importante no tratamento.
Pode-se ainda associar medicações como a metformina, melhorando a resistência insulínica e favorecendo o retorno das menstruações e a ovulação.
Tratamento da síndrome dos ovários policísticos com pílulas anticoncepcionais
Quando a mulher não tem desejo reprodutivo imediato, as pílulas anticoncepcionais muitas vezes são os medicamentos de escolha, pois estes hormônios diminuem o nível de hormônio masculino e atenuam os sintomas da acne, excesso de pelo e oleosidade da pele.
Nenhum tratamento medicamento atua de forma a curar a paciente da síndrome dos ovários policísticos, visando na verdade o controle dos sintomas.
A redução da acne e da oleosidade da pele são perceptíveis mais rapidamente, sendo que em algumas pacientes pode-se associar outras medicações antiandrogênicas sistêmicas e tópicas na pele, para o melhor resultado.
O ciclo dos pelos é de pelo menos 6 meses, portanto, em nenhum tratamento medicamentoso notam-se alterações significativas com menos de 6 meses do início do tratamento.
É interessante sempre que possível a utilização do laser para um efeito mais imediato nas áreas críticas com excesso de pilificação.
Infertilidade e síndrome dos ovários policísticos
Pacientes com a síndrome dos ovários policísticos apresentam irregularidade menstrual, portanto não ovulam todos os meses, dificultando a fertilidade.
O tratamento de escolha nestas situações é a indução da ovulação, monitorada com ultrassom, para a realização de um coito programado ou inseminação intrauterina, que são procedimentos de baixa complexidade, relativamente baratos e fáceis de serem realizados.
Quando há outras causas de infertilidade associadas, incluindo alterações do espermogramas, recomenda-se procedimentos como a fertilização in vitro.
Síndrome dos ovários policísticos e câncer
Mulheres com a síndrome dos ovários policísticos apresentam maior chance de desenvolvimento de câncer de endométrio, pois a falta de ovulação impede a produção da progesterona, hormônio que combate os efeitos do estrogênio no útero.
Porém, quando a falta da menstruação acontece por uso contínuo de pílulas anticoncepcionais, DIU hormonal como o Mirena, Kyleena ou outros hormônios, o risco de câncer de endométrio encontra-se até mesmo reduzido, quando comparado com quem não faz uso destes hormônios.
Prevenção da síndrome dos ovários policísticos
A síndrome dos ovários policísticos não pode ser evitada, mas o diagnóstico e o tratamento precoces ajudam a diminuir os efeitos do excesso do hormônio masculino no organismo, infertilidade, câncer de endométrio, obesidade, diabetes e o desenvolvimento de doenças cardíacas.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre a síndrome dos “Ovários Policísticos”, te convido a agendar uma consulta para conversarmos melhor! Você pode marcar seu horário por aqui.
Dr. Fernando Guastella
Ginecologista com foco em Endometriose e Mioma
CRM-SP: 112.601
RQE: 83.937 – Ginecologia e Obstetrícia
RQE: 58.641 – Diagnóstico por Imagem
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Referências bibliográficas
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- Recomendações FEBRASGO;
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- Recomendações da diretriz internacional baseada em evidências para a avaliação e tratamento da síndrome dos ovários policísticos. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30033227/;
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- Alimentação e atividade física em mulheres com síndrome do ovário policístico de acordo com a nova diretriz internacional baseada em evidências. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31717369/;
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- Associação de metformina com resultados de gravidez em mulheres com síndrome do ovário policístico submetidas a fertilização in vitro: uma revisão sistemática e meta-análise. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32744629/;
Sites em inglês sobre ovário policístico