
Adenomiose
Neste texto vou explicar o que é a adenomiose, quais os tipos, sintomas, como fazer o diagnóstico e os principais tratamentos.
O que é adenomiose
A adenomiose acontece quando as células do endométrio invadem a musculatura do útero.
Endométrio é a camada mais interna do útero e todo mês quando não acontece a gestação, esta camada de células se desprende e sai com o sangue menstrual.
A doença guarda certa semelhança com a endometriose, já que em ambas, as células do endométrio começam a se desenvolver em locais onde não deveriam estar.
Existe associação da adenomiose com a endometriose profunda, ou seja, quando se descobre o diagnóstico de uma doença, deve-se procurar a outra e vice-versa.
Antigamente a adenomiose era chamada de endometriose do útero, mas hoje sabemos que são duas doenças diferentes.
Sintomas da adenomiose uterina
Algumas mulheres apresentam muitos sintomas e outras podem ser assintomáticas, isso vai depender principalmente da quantidade de doença no útero.
Os principais sintomas são:
- Cólica menstrual;
- Sangramento menstrual aumentado;
- Aumento do volume uterino;
- Dor durante as relações sexuais;
- Infertilidade;
- Distensão abdominal, motivo pelo qual algumas mulheres acham que adenomiose engorda.
A idade mais comum para o surgimento da doença é após os 35 anos, sendo rara em adolescentes.
Tipos de adenomiose
A adenomiose pode acontecer em todo o útero e ser classificada como difusa, ou focal, quando acomete somente um segmento do útero.
Adenomioma é um tipo específico de adenomiose focal, formando um nódulo no útero, e diferentemente do mioma, apresenta glândulas endometriais em seu interior.
Imagem de laparoscopia, demonstrando um útero aumentado e amolecido, achado comum na adenomiose, associado a focos de endometriose em sua superfície. Fonte da imagem: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=7314354
A importância na definição do tipo de adenomiose é em decorrência do tratamento, pois o adenomioma e a adenomiose focal podem ser retirados cirurgicamente, ou tratados por radiofrequência, de maneira semelhante aos miomas.
Outra maneira de classificar a adenomiose é em relação a profundidade de invasão no miométrio. Quando a invasão é menor que um terço da parede uterina é chamada de superficial e, portanto, se maior que um terço é chamada de profunda.
Fatores de risco e causas.
Os fatores de risco são cirurgias prévias no útero, como a retirada de miomas (miomectomias), curetagens, cesáreas, ou ainda malformações congênitas do útero.
Na maior parte das mulheres, porém, não se identifica uma causa definida e fatores genéticos também são importantes, existindo uma tendência familiar para a doença.
Diagnóstico
Os dois melhores exames para o diagnóstico são a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética.
Exame de ultrassonografia demonstrando útero de dimensões aumentadas, com sinais de adenomiose.
A ultrassonografia transvaginal preparo intestinal é recomendada, pela associação da doença com a endometriose.
Imagem de ressonância magnética demonstrando adenomiose localizada na parede posterior do útero. Imagem do Dr Varun Babu, Radiopaedia.org. https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=54052786
Quando se compara a capacidade dos dois exames, a sensibilidade da ressonância magnética acaba sendo um exame um pouco melhor que a ultrassonografia para o diagnóstico.
O CA-125 é um marcador tumoral que pode estar aumentado nas mulheres com adenomiose, mas valores normais não excluem a doença.
A dosagem do CA 125 pode estar aumentado em uma série de diagnósticos, como na endometriose, miomas, infecções uterinas e no câncer de ovário, por este motivo, o ideal sempre são os exames de imagem, juntamente com os sintomas.
Adenomiose e gravidez x infertilidade
A adenomiose pode ser causa de infertilidade, pelo processo inflamatório crônico que acaba sendo gerado todos os meses, influenciando negativamente o endométrio, local da implantação do bebê.
Quanto mais adenomiose existe no útero, maior a chance de não ocorrer a gravidez (infertilidade).
Mulheres com adenomiose apresentam mais chances de abortamentos, partos prematuros e rotura prematura da bolsa amniótica, aumentando assim as probabilidades de infertilidade.
Tratamento para adenomiose
O tratamento para adenomiose depende dos sintomas, do desejo reprodutivo e pode ser clínico ou cirúrgico.
Tratamento clínico
A adenomiose é dependente do hormônio estrogênio, portanto, o objetivo do tratamento clínico é eliminar o efeito do estrogênio.
Este objetivo pode ser alcançado com medicamentos que diminuem a produção do estrogênio, ou medicamentos que bloqueiam os efeitos do estrogênio.
O tratamento hormonal da adenomiose não modifica de maneira significativa a doença e, portanto, o objetivo principal é controlar os sintomas.
Medicamentos não hormonais e alternativos podem ser empregados para o controle do sangramento e da dor, quando os medicamentos hormonais não forem suficientes.
As principais medicações utilizadas são:
- Progesteronas;
- Progesterona e estrogênio combinados.
A progesterona é o medicamento ideal para ser utilizada no tratamento, pois antagonizam o efeito do estrogênio e não aumentam o risco de trombose como nas medicações combinadas com o estrogênio.
A desvantagem em relação as medicações combinadas é o menor controle do ciclo menstrual, podendo causar mais frequentemente sangramentos esporádicos ou até mesmo contínuos, especialmente nos 6 primeiros meses de uso.
Podem ser utilizadas pela via oral, injetável, implantes ou por meio do DIU medicado.
Quando se utiliza medicações combinadas com progesterona e estrogênio o efeito da progesterona é preponderante e apresentam os mesmos efeitos finais que a progesterona isolada no controle da dor.
Podem ser utilizadas por via oral, vaginal (anel), adesivos transdérmicos e na forma injetável.
Tratamento nas mulheres com desejo reprodutível ( Útero preservado)
Nas mulheres com adenomiose e desejo reprodutivo imediato, o objetivo do tratamento deve ser a gestação e terapias hormonais para o controle dos sintomas por tempo prolongado, devem ser evitadas, pois além de impedir a gestação espontânea, não “curam” a doença.
Mulheres com menos de 35 anos deve tentar engravidar espontaneamente por até 1 ano e a partir de 35 anos por 6 meses. Caso a gestação não aconteça espontaneamente, uma investigação abrangente para o casal deve ser realizada e a individualização do tratamento realizada.
Tratamento cirúrgico para adenomiose
Os procedimentos cirúrgicos ou intervencionistas, são reservados para os casos em que o tratamento clínico não conseguiu controlar os sintomas e a mulher não tem mais desejo reprodutivo.
A cirurgia para o tratamento da adenomiose é a retirada do útero (histerectomia), devendo ser realizada idealmente pela laparoscopia.
No caso de adenomiose focal, é possível que a cirurgia seja apenas a retirada do nódulo, que pode ser realizada por laparoscopia.
Existem ainda outros tratamentos para mulheres que queiram permanecer com o útero, como a radiofrequência, embolização das artérias uterinas e a ablação endometrial.
A melhor opção sempre é explicar as alternativas terapêuticas, com os benefícios esperados e os riscos envolvidos.
Agora que você já sabe um pouco sobre adenomiose, agende uma consulta com o Dr. Fernando Guastella e tire suas dúvidas

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Referências bibliográficas:
- Tratamento minimamente invasivo da adenomiose. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29555380/;
- Adenomiose. Uma revisão sistemática do tratamento médico. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27379972/;
- Opções de tratamento e resultado reprodutivo da infertilidade relacionada com a adenomiose. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29046066/;
- Acurácia do ultrassom transvaginal versus ressonância magnética no diagnóstico da endometriose retossigmóide: revisão sistemática e metanálise. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30964888;
- The American College of Obstetricians and Gynecologists.